sábado, abril 04, 2015

CINEMA - 15 (ou mais) filmes da “Sessão da Tarde” que marcaram minha infância


Quem curtiu a vida adoidado nos anos 80 não se esquece dos “clássicos” da Sessão da Tarde. Num tempo em que não existia internet, muitas vezes ficávamos esperando a reprise de nosso filme favorito na sessão vespertina para gravá-lo em nossos modernos videocassetes. Claro que listas são sempre subjetivas e sempre alguém vai lembrar de um filme aqui, outro ali. Mas minha memória afetiva registrou esses como os mais marcantes da minha feliz infância e início de adolescência oitentista:



15) CARAVANA DA CORAGEM (“Caravan of Courage: An Ewok Adventure”, 1984)



Na verdade, “The Ewoks” o desenho que foi originado do filme me marcou mais do que o filme propriamente dito. Quando foi lançado, os Ewoks, essas criaturinhas fofas e peludas, já não eram novidade, já que apareceram pela primeira vez no filme “O retorno de Jedi”. Aqui ganharam um filme próprio, em que ajudavam criancinhas a encontrarem seus pais. Apesar de não ser propriamente uma novidade, bichinhos peludos e crianças fofas são uma fórmula quase infalível junto ao público infantil.


14) QUASE IGUAL AOS OUTROS (“Just One of the Guys”, 1985)


Típico filme adolescente da Sessão da Tarde. Apesar de não ser tão conhecido como outros do gênero, como “A garota de rosa shocking”, “Gatinhas e gatões”, “Namorada de aluguel”, entre outros, gosto particularmente deste, pela alusão a “Noite de Reis”, de Shakespeare. Garota bonita vivida por Joyce Hyser se disfarça de homem pra provar que é tão capaz de vencer um concurso quanto os rapazes da escola. Mas, claro, o plano não sai como planejado e ela acaba se apaixonando pelo “melhor amigo”. A sequência em que ela mostra os seios para provar que é mulher é sensacional e inimaginável para a sessão da tarde de hoje em dia. Ah, que saudade dos tempos livres e politicamente incorretos...


13) SUPERMAN – O FILME (“Superman – The Movie”, 1978)



A saga do herói da D.C Comics já é fantástica. Soma-se a isso um elenco grandioso, uma trilha antológica de John Williams e um protagonista perfeito, temos um clássico eterno. O filme é do final dos anos 70, mas atravessou a década de 80 sendo reprisado na Sessão da Tarde. Apesar dos efeitos especiais incríveis (para a época) e da produção caprichada, o diferencial do filme está no romantismo, na relação de Clark Kent com Lois Lane (química perfeita de Christopher Reeve e Margot Kidder). O amor do herói pela repórter é mais poderoso do que qualquer criptonita e transforma o homem mais poderoso do universo em um ser tão vulnerável quanto cada um de nós. Muito superior às versões que vieram depois.


12) A PRIMEIRA TRANSA DE JOHNATAN (“Mischief”, 1985)



Sim, nos anos 80, filmes inimagináveis para os dias de hoje, passavam na Sessão da Tarde. Enquanto no Corujão (ou Sessão Coruja na época) exibia Porky’s para os insones de plantão, nós podíamos curtir uma versão mais, digamos, romântica,  da iniciação sexual de um jovem, mas sem abrir mão de algumas cenas picantes, como os seios da futura senhora John Travolta, Kelly Preston, que já era conhecida do público pela série “Caras e Caretas” na Sessão Comédia. Mesmo não sendo cultuado como outros títulos da época, o filme é uma delícia, com personagens carismáticos, ambientação nos anos 50 e com uma trilha sonora maravilhosa. Dificilmente passa na televisão hoje em dia, mas sempre vale a pena ver de novo. 


11) VIAGEM AO MUNDO DOS SONHOS (“Explorers”, 1985)



Outro esquecidinho dos anos 80 que merecia uma reprise, principalmente por mostrar Ethan Hawke e River Phoenix bem novinhos. A trama é uma bobagem: três garotos criam, de forma caseira, uma nave espacial que os levam a uma maravilhosa viagem interplanetária. Gosto mais desse filme do que outros mais famosos da época sobre amizades entre garotos, como Os Goonies, Conta Comigo e Garotos Perdidos, exatamente por esse ser mais lúdico, pueril e onírico. Não cobre muito sentido. É, literalmente, uma viagem ao mundo dos sonhos.


10) A LAGOA AZUL ( “The blue lagoon”, 1980)



Esse é um verdadeiro clássico dos filmes de amor. Reprisado ad eternum, não só nos anos 80, como nos 90 e 2000, o filme alçou Brooke Shields para a fama e tem aquela fórmula irresistível: cenário paradisíaco e deserto e dois jovens lindos e inocentes com os hormônios em ebulição, descobrindo o amor e a sexualidade. Virou Cult! 


9) TOP GUN – ASES INDOMÁVEIS (“Top Gun”, 1986)



Nem é dos meus preferidos do gênero. Gosto muito mais de “Além da Eternidade” (“Always”, no original) com os mais maduros Richard Dreyfuss e Holly Hunter com participação especialíssima da deusa Audrey Hepburn no final da vida. Mas é inegável o imenso e arrebatador sucesso desse filme que transformou Tom Cruise, de galã adolescente a grande astro do cinema e fez do hit “Take my breath away”, um clássico da dança da vassoura das festinhas de todo o Brasil. Quem foi jovem nos anos 80, com certeza, dançou música lenta ao som desse hit. 


8) FLASHDANCE – EM RITMO DE EMBALO (“Flashdance”, 1983)



Bastam os primeiros acordes de “What a feeling”, na voz de Irene Cara, para vir imediatamente à nossa memória, Jennifer Beals com suas polainas, dançando a arrasando diante de um sisudo júri que no final acaba se rendendo a ela. A trilha sonora do filme é marcante e uma das mais vendidas e também conta com “Maniac” e “Lady Lady Lady”.  E a trama, apesar de batida, é irresistível: jovem batalhadora não mede esforços para se tornar uma bailarina famosa. Ao lado de “Fame”, é o filme mais famoso da década com esse tema. 


7) DIRTY DANCING – RITMO QUENTE (“Dirty dancing”, 1987)



Um dos poucos oitentistas que resistiu ao tempo e é reprisado até hoje na faixa vespertina. Possui temática parecida com outro ícone da época, “Footloose”, com Kevin Bacon: rapaz rebelde questiona e transgride valores morais da sociedade com sua dança, mas este aqui tem um viés mais romântico, além do que Patrick Swaze possuía muito mais sex appeal e fez um par romântico imbatível com a carismática Jennifer Grey. O próprio Patrick canta uma das canções do filme, “She’s like the Wind”, cuja trilha sonora recheadas de sucessos como “Be my baby”, “Hungry Eyes” e a mais famosa delas, “(I’ve had) The time of my life”. Impossível ficar parado e só assistir uma vez. 


6) CURTINDO A VIDA ADOIDADO (“Ferris Bueller's Day Off”, 1986)



Matar uma entediante aula com os melhores amigos e viver um dia incrível com direito a protagonizar uma cena incrível com uma multidão cantando “Twist and shout”. Quem nunca? Que adolescente nunca sonhou com isso? Matthew Broderick, que também brilhou em outro ótimo filme típico da Sessão da Tarde, “O Feitiço de Áquila”, se tornou um ícone jovem da época. Lembro que minhas professoras da época usavam o filme como exemplo de como não se comportar, o que tornou o filme ainda mais adorável pra mim. John Hughes, o mestre dos filmes adolescentes, constrói aqui sua obra-prima. 


5) FÚRIA DE TITÃS (“Clash of the Titans”, 1981)



Talvez seja o filme que tenha despertado em mim o fascínio pela mitologia grega, ao abordar o mito de Perseu e sua incrível saga para conquistar o amor de sua amada Andrômeda. Os efeitos especiais são risíveis para os dias de hoje, mas lembro que na época morria de medo da Medusa do filme (risos). Além de ser um ótimo filme, com todos os ingredientes para prender o público, contava com um ótimo elenco, com destaque para Maggie Smith, Ursula Andress e Laurence Olivier, vivendo papel dos deuses para Olimpo nenhum botar defeito. 


4) E.T – O EXTRA-TERRESTRE (“E.T. the Extra-Terrestrial”, 1982)



O que falar sobre esse filme que ainda não tenha sido dito? Transcende a categoria “clássico da Sessão da Tarde”. É um clássico de toda a história do cinema, obra-prima de Steven Spielberg e até hoje é referência em qualquer lista de grandes filmes. Lembro que, nos anos 80, essa questão da vida em outros planetas era um tema super presente em nosso cotidiano e fazia parte de muitas rodas de discussões. Talvez o filme tenha sido o grande responsável pelo interesse do tema. Quanto à trama, não há o que falar: o filme faz rir, chorar e sonhar. E a cena da sombra do ET voando sob uma lua cheia talvez seja a mais emblemática de toda a história do cinema. E com a trilha arrebatadora de John Williams então... perfeição é pouco. 


3) COMO ELIMINAR SEU CHEFE (“9 to 5”, 1980)



Outro tema recorrente no final da década de 70 e início da década de 80 era o feminismo, que chegou no Brasil com tudo através da série "Malu Mulher" e da novela "Guerra dos Sexos". A mulher ingressava pra valer no mercado de trabalho e buscava competir de igual pra igual com o homem em busca dos mesmos direitos trabalhistas e salários igualitários, luta que perdura até hoje. Mesmo com a seriedade do tema, o filme é uma comédia deliciosa, nonsense e engraçadíssima com um trio de atrizes espetacular: Jane Fonda, Lili Tomlin e Dolly Parton, que também interpretava a canção-tema, “9 to 5”.  Outro ótimo filme com a mesma temática é “Uma secretária de futuro”, estrelado por Mellanie Griffith. Mas esse, mais anárquico e ousado, reina absoluto na categoria “female power”.


2) APERTEM OS CINTOS, O PILOTO SUMIU! (“Airplane!”, 1980)



Herdeiro direto de Mel Brooks e do Monty Python, talvez seja o filme mais engraçado a que assisti na vida. Foi o primeiro contato com o tipo de humor que viria a me identificar totalmente, mais tarde como fã da TV Pirata: nonsense, satírico, anárquico e politicamente incorreto. Um verdadeiro clássico da sessão da tarde nos anos 80, o filme é recheado de cenas absurdas, como os passageiros fazendo fila (incluindo um médico e uma freira) para espancarem uma mulher desesperada ou uma mulher que começa a botar ovo pela boca. Como não amar? O filme teve uma sequência divertida, mas não tão engraçada como o primeiro filme. 


1) GREASE – NOS TEMPOS DA BRILHANTINA (“Grease”, 1978)



Todo elogio que fizer a esse filme será pouco. Sem dúvida, o filme a que mais assisti na vida, a ponto de saber de cor as falas, músicas e ordem das cenas. De longe, meu musical favorito. Na verdade, o roteiro simples e ingênuo é só um pretexto para um filma altamente divertido e contagiante. Combina a atmosfera mágica dos anos 50 com um elenco incrível, ótimas canções e um par romântico encantador, com química pra dar e vender: John Travolta e Olivia Newton-John, cujos duetos em “Summer Nights” e “You’re the one” perduram até hoje no imaginário do público. O filme tem a trilha sonora mais vendida de todos os tempos e sempre que reprisava na Sessão da tarde era uma festa. Um verdadeiro clássico, que foi se tornando Cult com o tempo. Aquela turma de formatura do colégio Rydell é inesquecível. 

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E vocês? Quais seus filmes favoritos da Sessão da Tarde? Espero seus comentários!